quarta-feira, 30 de outubro de 2013




Todos os dias temos motivos pra recomeçar.
Regência Verbal
Crase 
Crase -  é nome da fusão ( da junção ) da preposição a com o artigo a(s).
             A ocorrência de crase e indicada graficamente pelo acento grave [`].
 A crase pode ocorrer pela junção de:

• preposição a + pronome demonstrativo a (s), equivalente a "aquela(s)". Exemplo:
     Essa revista é igual à que comprei?

• preposição a + aquele(s), aquela(s), aquilo.Exemplo:
     Nunca mais voltarei àquele lugar.

• preposição a + a qual, as quais. Exemplo:
     Essa é a menina à qual me referi.


O fenômeno da crase

  As passagens a seguir foram extraídas da versão original de "Os Lusiadas" , poema épico de Luís de Camões, publicado em 1571:
[...] affeiçoada aa gente [...]
[...] junto aas ilhas [...]
[...] chegava aa desejada e lenta meta [...]
[...] quem podesse aa Índia ser levado [...]
  Todos percebemos que a escrita na época de Camões não e idêntica à atual. [...] Hoje em dia escreveríamos:
[...] afeiçoada à gente [...]
[...] junto às ilhas [...]
[...] chegava à desejada e lenta meta [...]
[...] quem pudesse à Índia ser levado [...]

[...] o conjunto de enunciados evidencia que, no século 16, se escrevia a forma "aa" . A comparação é interessante justamente por evidenciar a origem ( e o sentido ) desse acento.

                                                   Discutindo língua portuguesa.
                                                          Escala Educacional, ano 1 , n.4.



Troque a palavra feminina por uma masculina correspondente (substantivo no lugar de substantivo, pronome no lugar de pronome etc.). Se, antes da masculina, aparecer ao (s), coloque o sinal de crase antes da feminina; se, antes da masculina, aparecer apenas a(s) ou o (s), não use crase antes da feminina. Compare:
  • Ele se dirigiu à fazenda.
                           ↑
    Ele se dirigiu ao clube.

•  Ele visitou a família.
                     ↑
   Ele visitou o cemitério.
 Colocação dos pronomes oblíquos átonos

Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se , o(s) , a (s) , lhe (s).
Posições dos oblíquos átonos relativamente ao verbo.
  - Próclise: pronome antes do verbo. Ex.: Nunca me convenci de sua inocência
  - Mesóclise: pronome no meio do verbo. Ex.: Preparar-te-emos uma bela surpresa.
  - Ênclise: pronome depois do verbo. Ex.: Diga-nos, por favor, toda a verdade.
Orientações práticas (aplicáveis, conjuntamente, no padrão formal)
  1ª) Não iniciar oração com pronome oblíquo.
  2ª) A próclise é sempre válida.
Principais regras de colocação pronominal na variedade padrão.
  
  • Próclise obrigatória - quando o verbo é antecedido de :
   _ Palavra negativa. Ex.: Nada se fez para resolver o problema.
   _ Advérbio. Ex.: Brevemente te mandarei o livro.
   _ Pronome (relativo, indefinido ou demonstrativo). Ex.: Conheço o rapaz que se feriu.
   _ Conjunção subordinativa. Ex.: Ela vivia em paz, embora se sentisse sozinha. 
Mesóclise obrigatória - com verbo no futuro ( do presente ou do pretérito) iniciando a oração.
 Ex.: Construir-se-à uma nova escola neste terreno.
Ênclise obrigatória - quando o verbo inicia a oração.
  Ex.: Peço-te que fiques aqui.



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O Modernismo no Brasil


 2ª Geração Modernista Brasileira: poesia

Fatos Históricos:

• Desgaste da política do café com leite
(crise política dos oligarquias cafeeiras)
• Quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929)
• Revolução de 30
• Industrialização; diversificação do capital
• Remodelação da estrutura ecômica agroexportadora. 

Principais Caracteristicas da 2ª Geração Modernista Brasileira (1930-1945):

• Prolonga e aprofunda as propostas e realizações de 1922
• Concilia elementos da tradição e elementos de modernidade
• Poesia nacionalismo e universalismo
• Prosa: Neorrealismo
• Engajamento dos escritores nas questões sociopolíticas de seu tempo. 

Principais autores e obras: 

  Carlos Drummond de Andrade (*1930 †1987 )

• Nascido em Itabira, Minas Gerais em 1902, Carlos Drummond de Andrade foi muitas vezes apontado como o maior poeta brasileiro do século XX. Com obras publicadas nos mais diferentes idiomas, se notabilizou pela construção de versos em um linguajar simples e extremamente belo.

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
teu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?                                                         (Carlos Drummond de Andrade)

Marcos Vinicius de Melo Moraes (*1913 †1980)

• Vinicius de Moraes nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, onde se dormou em Direito. Estudou literatura inglesa em Oxford e foi diplomata, vindo a servir nos Estados Unidos, na Espanha, no Uruguai e na França. Ocupa lugar de destaque não só na literatura, mas na MPB, onde brilha ao lado de poetas-cantores, como Caetano Veloso, Chico Buarque de Hollanda, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, Nando Reis, etc. 

 O rio

Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.  
Um rio nasceu.                                             (Vinícius de Moraes)



Cecília Meireles (*1901 †1964)

Carioca como Vinicius, Cecília passou a infãncia no Rio, em contato com a avó materna, açoriana. Professora primária, dedicou-se ao magistério. Foi professora de literatura brasileira nas Universidades do Distrito Federal e do Texas, faleceu no Rio aos 33 anos.

Inscrição na Areia
O meu amor não
tem importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem importância nenhuma                         (Cecília Meireles)

Murilo Monteiro Mendes (*1901 †1975)

• Mineiro de Juiz de Fora, Murilo Mendes sempre se caracterizou pela inquietação. Dedicou-se a atividades dispares, como auxiliar de guarda-livros, prático de dentista, telegrafista aprendiz e enfim Inspector Federal de Ensino. Estreou como escritor em revistas do Modernismo. te Desde 1953 viveu na Europa, predominantemente em Roma, onde foi professor de literatura brasileira, sua morte ocorreu em Lisboa.

A tentação

Diante do crucifixo
Eu paro pálido tremendo
“ Já que és o verdadeiro filho de Deus
Desprega a humanidade desta cruz”.                       (Murilo Mendes)


Jorge Mateus de Lima (*1895 †1953)

De Alagoas, Jorge de Lima estudou Humanidades em Maceió e Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, tendo exercido a profissão em Maceió e também no Rio. Sempre muito interessado em artes plásticas,lecionou literatura na Universidade do Brasil e participou politicamente - como vereador- nos anos posteriores á queda ditadura getulista. Faleceu no Rio de Janeiro.



Pelo silêncio


Pelo silêncio que a envolveu, por essa
aparente distância inatingida,
pela disposição de seus cabelos
arremessados sobre a noite escura:
pela imobilidade que começa
a afastá-la talvez da humana vida
provocando-nos o hábito de vê-la
entre estrelas do espaço e da loucura;
pelos pequenos astros e satélites
formando nos cabelos um diadema
a iluminar o seu formoso manto,
vós que julgais extinta Mira-Celi
observai neste mapa o vivo poema
que é a vida oculta dessa eterna infanta.                             (Jorge de Lima)


2ª Geração Modernista Brasileira: prosa

Principais escritores e  obras do Neorrealismo brasileiro.

Erico  Lopes Verissimo (*1905 †1975)

• Nasceu em Cruz Alta, em 1905 e faleceu em Porto Alegre, em 1975. Concluiu o 1º grau  em Porto Alegre. De volta a sua cidade natal, empregou-se no comércio, foi bancário e sócio de uma farmácia. Em 1930, transferiu-se para Porto Alegre, onde, depois de trabalhar algum tempo como desenhista e de publicar alguns contos na imprensa local, empregou-se na Editora Globo como secretário do Departamento Editorial. Viajou duas vezes aos Estados Unidos, onde ministrou cursos de literatura brasileira.
  
Abaixo está um trecho mais interessante do livro:

“A vida (...) é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isso alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance.

O Homem, na Terra, nasce, vive e morre sem que lhe aconteça nenhuma dessas aventuras pitorescas de que os livros estão cheios. Debalde os romancistas tentam nos convencer de que a vida é um romance. Quando saímos da leitura de uma história de amor, ficamos surpreendidos ao nos encontrarmos na vida real diante de pessoas e coisas absolutamente diferentes das pessoas e coisas das fábulas livrescas.”

[pág. 299, 3ª edição, Cia. das Letras]

♦ Jorge Amado (*1912 †2001)

Nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna, foi com apenas um ano para Ilhéus, onde passou a infância. Mudou-se para Salvador, onde passou a adolescência e entrou em contato com muitos dos tipos populares que marcaria sua obra.Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia" .

Abaixo está um trecho mais interessante do livro:


“Só Gabriela parecia não sentir a caminhada, seus pés como que deslizando pela picada muitas vezes aberta na hora a golpes de facão, na mata virgem. Como se não existissem as pedras, os tocos, os cipós emaranhados. A poeira dos caminhos da caatinga a cobrira tão por completo que era impossível distinguir seus traços. Nos cabelos já não penetrava o pedaço de pente, tanto pó se acumulara. Parecia uma demente perdida nos caminhos. Mas Clemente sabia como ela era deveras e o sabia em cada partícula de seu ser, na ponta dos dedos e na pele do peito. Quando os dois grupos se encontraram, no começo da viagem, a cor do rosto de Gabriela e de suas pernas era ainda visível e os cabelos rolavam sobre o cangote,  espalhando perfume. Ainda agora, através da sujeira a envolvê-la, ele a enxergava como a vira no primeiro dia, encostada numa árvore, o corpo esguio, o rosto sorridente, mordendo uma goiaba.” 

José Lins do Rego Cavalcanti (*1901 †1957)

Nasceu no Engenho Corredor, município paraibano de Pilar, filho de João do Rego Cavalcanti e de Amélia Lins Cavalcanti, quando ainda pequeno teve uma grande 'frustação' com a morte de sua mãe, morta pelo próprio marido esquizofrênico.Após passar sua infância no interior e ver de perto os engenhos de açúcar perderem espaço para as usinas, provocando muitas transformações sociais e econômicas,O mundo rural do Nordeste com as fazendas, as senzalas e osengenhos, serviu de inspiração para a obra do autor, que publicou seu primeiro livro  Menino de engenho em 1932.


Abaixo está um trecho mais interessante do livro:


“Era um menino triste. Gostava de saltar com os meus primos e fazer tudo o que eles faziam. Metia-me com os moleques por toda a parte. Mas, no fundo, era um menino triste. Às vezes dava para pensar comigo mesmo, e solitário anadava por debaixo das árvores da horta, ouvindo sozinho a cantoria dos pássaros.

Pensava então naquilo que junto de gente eu não podia pensar. Já estava no engenho há mais de quatro anos. Mudara muito desde que viera de Recife.
  

Graciliano Ramos (*1892 †1953)

Nasceu em Quebrangulo, Primeiro de dezesseis irmãos de uma família de classe média do sertão nordestino,Foi eleito prefeito de Palmeira dos Ìndios em 1927,Em 1934  publicou São Bernardo, e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso em decorrência do pânico insuflado por Getúlio Vargas após a Intentona Comunista de 1935, com ajuda de amigos conseguiu publicar Angustia , considerado por muito sua melhor obra.

Abaixo está um trecho mais interessante do livro:

...Afinal tudo desaparece. E, inteiramente vazio, fico tempo sem fim ocupado em riscar as palavras e os desenhos. Engrosso as linhas, suprimo as curvas, até que deixo no papel alguns borrões compridos, umas tarjas muito pretas.

Se pudesse, abandonaria tudo e recomeçaria as minhas viagens. Esta vida monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio-dia e das duas às cinco, é estúpida. Vida de sururu. Estúpida. Quando a repartição se fecha, arrasto-me até o relógio oficial, meto-me no primeiro bonde de Ponta-da-Terra.



Geração Modernista Brasileira  

Fatos Históricos

• Fim do Estado Novo (1945)
• Retorno de Getúlio Vargas á presidência (1951-1954)
• Mandato de Juscelino Kubitschek (1956-1961)
• Fundação de Brasília , nova capital política do país (1960)
• Jânio Quadros na presidência (1961)
• João Goulart na presidência (1961- março de 1964)
1945-1963: período democrático
• Predominância de modelos políticos populistas.
• O nascionalismo como bandeira esquerdizante.
Nacional-desenvolvimento X reação das classes conservadoras. 
• Interesse pela cultura popular X cosmopolitismo.


Principais Características da Geração Modernisal de M ta Brasileira , a Geração de 45

Retrocesso em relação ás conquistas de 1922. 
• Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas.
• Passadismo, academicismo.
• Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras.

OS GRANDES CRIADORES DE 45, QUE RETOMAM E FECUDAM AS EXPERIÊNCIAS DESENVOLVIDAS NO PAÍS.

• Prosa: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
• Poesia: João Cabral de Melo Neto
• Literatura: constante pesquisa de linguagem + senso do compromisso entre arte e realidade, engajamento.
• Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística; nascionalismo + universalismo.
• Guimarães Rosa: narrativas mitopoéticas que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o texto literário.
• Clarice Lispector: romances e contos introspectivos que dialogam com as fronteiras do indizível.
• João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica, subastantiva.


Principais autores: 

João Guimarães Rosa (*1908 †1967)
Nasceu em Cordisburgo (MG),era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca,
Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:
Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.

Em 1956 lançou o livro mais polêmico da literatura brasileira do século XX – Grande Sertão: Veredas . Na construção da personagem principal, fundiu o cotidiano com o requintado, o regional com o erudito, o folclore com a cultura livresca, o real com o fantástico e superou o regionalimo ao compor, numa narrativa épica/mítica, a própria condição humana.


Abaixo está um trecho mais interessante do livro:

Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração.